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Quando Um Poeta Chora
Melodia triste que acompanha os sentimentos.
Olhos que revelam o que sempre foi a única razão.
O passado não foi tão legal assim, mas já não importa.
Só que ainda choro; por dentro, ainda sangro.
Hoje, pra variar, é meu aniversário.
Pra variar, eu estou aqui sozinho.
O frio machuca os ossos.
A poesia é só um refúgio que nem sequer esquenta.
Escrevo em outras palavras a inveja que sinto
ao ver certa mão límpida acalentar o dorso
deitado no campo verdejante e molhado pelo orvalho.
Escrevo sobre bons tempos para incertezas no ar.
Escrevo e não há lágrimas, o choro é aqui dentro.
Eu quis tomar as rédeas dos meus instintos,
mas apenas me afastei do que sempre havia sido claro:
as coisas jamais seriam fáceis pra mim.
Choro por cair na real, por ainda ser fraco.
Choro porque nem sequer consigo escrever minha dor.
Três palavras e eu diria tudo, mas não consigo escrevê-las.
Choro porque fico mais velho, porque estou sozinho.
Choro porque quando um poeta chora, a poesia é triste.
(Júlio B.)
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